24 de janeiro de 2011

Até R$ 5 mil de salário para quem não teme o mar

A bordo do Emerald Princess
Temporada de trabalho faz tripulantes ficarem até oito meses a bordo, com rápidos desembarques. Brasileiros se destacam
Rio - Da navegação, passando por serviços gerais, áreas de hospedagem, restaurantes e bares, entretenimento até uma espécie de embaixador poliglota — são muitas as oportunidades de trabalho a bordo de um transatlântico com o porte do Vision of the Seas. A exigência é, no mínimo, 21 anos de idade, com desejável inglês intermediário, além de disposição para confinamento por sete a oito meses. Ganhos mensais partem de R$ 800 e chegam a R$ 5 mil. A vantagem é que, como o tripulante não tem qualquer despesa no navio, é possível destinar a remuneração praticamente toda à poupança.

Segundo Ricardo Amaral, diretor de Cruzeiros da Royal Caribbean e presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar), os profissionais brasileiros têm se fixado a bordo, devido ao perfil de fácil adaptação ao trabalho. “Os navios que operam no País devem ter pelo menos 25% dos trabalhadores contratados aqui”, lembra Amaral. Regras são do Conselho Nacional de Imigração. Para esta temporada, aproximadamente 4 mil brasileiros foram selecionados — atualmente, a 5ª tripulação mundial em navios.

Agilidade, por exemplo, para distribuir trabalho simultaneamente a pessoas de diferentes nacionalidades, é fundamental. Assim como a capacidade de solucionar problemas com rapidez e desenvoltura, como desemperrar a porta da varanda panorâmica sorrindo para o mal humorado ocupante da cabine.

Trabalha-se em turnos, com direito a folgas e até ao desembarque. Mas trabalha-se muito e pesado, por isso o segmento atrai especialmente jovens, como Danilo Silva Gomes, 23 anos, que tem Ensino Médio e se candidatou a uma vaga de camareiro também pela oportunidade de conhecer outros lugares. “Ganhar experiência é o melhor benefício pra mim”, contou.

Pela Royal Caribbean, as entrevistas para oportunidades acontecem em São Paulo e no Rio, até pouco tempo antes do início das temporadas. Bartender, auxiliar de serviços gerais, camareiro, assistente de cozinheiro, garçom, atendente de restaurante, recreador, recepcionista de hotel, caixa e dealer de cassino são alguns cargos. Homens e mulheres podem disputar. Aprovados trabalham nos navios das companhias Royal Caribbean, Celebrity Cruises e Azamara Club Cruises, no Brasil e exterior.

Famílias, casais e amigos: O que mais seduz é o preço 

Apesar de as viagens por mar atraírem cada vez a atenção da classe C, passageiros dos segmentos A e B ainda são os principais clientes das companhias de cruzeiros marítimos. Eles têm, em geral, mais de 25 anos de idade e gostam de viajar em dupla ou família. Débora Pries, 36 anos, gerente administrativo, embarcou no Vision of the Seas com o namorado Alexandre Moura de Souza, 39, procurador do estado. “Nos conhecemos há cinco anos, também em cruzeiro, à Patagônia, e ficamos fãs. É nossa terceira vez. Ele vai desembarcar no meio da viagem e minha família vai subir”, contou Débora.

“Não tem preocupação com mala, segurança e o atendimento é ótimo. A relação custo-benefício é ótima”, disse Alexandre. Os dois pagaram R$ 1.600, cada um, por sete noites.

Apesar de preferir cruzeiros temáticos, solteiros também procuram a modalidade, ao valorizar comodidade e segurança a bordo. “Gosto da ideia de tudo no mesmo lugar. Acho seguro e econômico”, avaliou Kátia Teles Leite, 32 anos, que convidou a amiga Bárbara Mello Silva, 31, ambas analistas de sistemas. “Nunca fiz isso antes, mas estou gostando. Já estamos planejando o Carnaval”, revelou Bárbara.

Pagamentos: Tudo é lançado no mesmo cartão

Bolsas e carteiras podem ser deixadas na cabine. Ao embarcar, o turista recebe um cartão de bordo, que deverá ser apresentado por diversas ocasiões ao longo da viagem, como ao acessar os restaurantes. O cruzeirista também usará esse passe para fazer suas compras e debitar serviços, que serão automaticamente lançados no cartão de crédito registrado no embarque ou pagos com dinheiro em espécie ao fim do cruzeiro marítimo.

Em média, a diária de um cruzeiro é inferior a US$ 150 por pessoa. Todos os navios, praticamente, oferecem promoções. No caso de compra antecipada, o terceiro (ou até quarto) passageiro viaja de graça na mesma cabine, o que é mais usual no início e fim de temporada. O pacote inclui hospedagem, refeições e lanches.

Banheiro, ar-condicionado, TV, secador de cabelos e telefone — as cabines de navios vêm bem equipadas, como ocorre nos hotéis. As internas não têm vista para o mar e são mais baratas. Mas, em conforto e decoração, garantem as empresas, são iguais às externas, que podem ter varanda. Os navios também têm suítes, que presenteiam o passageiros com regalos como creme hidratante, sabonete e outros itens de uso pessoal.

“Para a Copa e as Olimpíadas, só dependemos dos portos”

O segmento de cruzeiros marítimos no Brasil partiu de 850 passageiros em dois navios, há 11 anos, para quase 900 mil em 20 transatlânticos, este ano. Os números mostram o potencial do setor e que é vantagem os governos investirem em logística portuária. “Se vamos ter um grande número de cruzeiros na Copa e nas Olimpíadas, isso só depende dos investimentos nos portos”, observa Ricardo Amaral, presidente da Abremar.

O embarque e desembarque nos portos de Santos e do Rio, por exemplo, ainda deixam muito a desejar. Dar fim às longas filas de check in, com mais de uma hora de espera, e melhorar o transporte coletivo terrestre do cais até a saída dos terminais portuários são alguns ajustes necessários, para o conforto de quem viaja e a boa operação por parte das companhias.
Fonte: O Dia



Nenhum comentário:

Postar um comentário

Ports of Stockholm Kicks off 2024 Cruise Season

Ports of Stockholm announced the start of its 2024 cruise season with the arrival of AIDA Cruises’ AIDAmar in Stockholm on Tuesday, April 16...